Em sua carreira, Fernando Morais sempre demonstra um bom “faro” para temas e personagens que rendem boas histórias, com dramas e reviravoltas que ajudam a prender o leitor. Partindo dessa base, o documentário representa um grande complemento aos seus trabalhos, ao mostrar os detalhes das investigações e das apurações, especialmente das centenas de entrevistas, viagens e parcerias, e com a vantagem de gerar reflexões que só a análise em retrospecto traz. 

Eu vejo esse documentário como uma meta-biografia: um dos mais reconhecidos biógrafos do país fala sobre os seus biografados e também sobre a sua própria vida e como esta perpassou os variados acontecimentos e personagens do último século. Como diretor, me vejo como um tradutor audiovisual da autobiografia comentada de um autor cujo texto oscila entre a fluidez jornalística (nos livros) e o relato em primeira pessoa (nas reportagens).